Nessa cerimônia, organizada pelo Núcleo de Ações e Programas Socioambientais do Poder Judiciário (NAPS) e Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (GMF), estiveram presentes a vice-presidente do Tribunal de Justiça do RN, desembargadora Zeneide Bezerra, também supervisora do GMF; a juíza Cinthia Cibele de Medeiros da Vara de Execuções Penais de Mossoró; os juízes Breno Valério, diretor do foro local, e Evaldo Dantas, da Primeira Vara de Família da comarca.
Através desse ato coletivo, foram celebrados 55 casamentos de internos, tendo havido a preparação prévia da direção do presídio, que juntamente com os consortes, providenciou documentação e roupas para o dia da realização da cerimônia. A desembargadora Zeneide Bezerra relatou ser esse um momento de grande emoção em sua carreira, pois foi a primeira vez em que participou de casamento coletivo em uma penitenciária.
A magistrada de Segundo Grau também ressaltou o empenho e esforço dos policiais penais Rafael Gomes e Roberto Guedes, que em contato direto com os detentos tiveram a sensibilidade de ouvir essa demanda comum a um grande número deles e buscaram organizar, juntamente, com a juíza da Vara de Execuções Penais a preparação do ato.
Do lado de fora do presídio, algumas horas antes do início da cerimônia, a euforia e nervosismo já tomava conta das noivas, que se agruparam na entrada da penitenciária, se preparando com seus vestidos. Após a identificação cadastral na portaria do presídio, elas passaram por um procedimento de revista e escaneamento, para garantir a segurança do evento, e logo em seguida participaram de uma refeição coletiva, tendo ainda tempo de retocar as maquiagens antes do grande momento da união coletiva. Foi o que relatou uma das noivas, de 35 anos de idade, que contou ter conhecido seu companheiro em uma vaquejada há cerca de quatro anos na cidade de São Rafael e se manteve ao lado dele, fazendo visitas mensais, mesmo após o encarceramento.
Em seguida, dentro do presídio, com os casais reunidos em um dos pavilhões centrais, a juíza Cinthia Cibele mencionou que “esse tipo de ação permite ao juiz sair da atuação meramente burocrática e enxergar as pessoas que estão cumprindo pena como verdadeiros sujeitos de direito, sendo um acontecimento muito gratificante em nossa profissão”. Posteriormente, houve o prosseguimento da solenidade com a formalização do ato jurídico do casório, o qual foi realizado de forma conjunta pelos juízes Breno Valério e Evaldo Dantas.
Por fim, os nubentes tiraram fotos junto ao bolo e comentaram a alegria de poder compartilhar uma etapa tão marcante em suas vidas. Um dos noivos, de 27 anos, relatou que o casamento significou para ele uma grande superação pessoal, pois vinha fazendo um tratamento nos últimos dois anos para se recuperar de um câncer no estômago, tendo tido poucas oportunidades de encontrar sua noiva durante esse período. Ele explicou que conseguiu recobrar a saúde a tempo de participar da celebração e agora suas futuras metas são terminar de cumprir a pena, dentro da melhor disciplina possível, e voltar à convivência com a esposa e sua filha, atualmente com um ano e seis meses.
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